Biografia tenta desvendar as várias facetas de Michael Jackson, o astro que se recusa a crescer
Publicado na LIVROS # 05 – revista BRAVO! – Ano 1 – Pág. 12
Agosto de 2005
Giovanna Bartucci
Com milhões de álbuns vendidos, Michael Jackson é um dos maiores astros pop de todos os tempos. Além disso as operações plásticas, o tratamento para clarear a pele, seus hábitos bizarros e as acusações de pedofilia em que se viu envolvido e o levaram a julgamento neste ano transformaram Jackson em um fenômeno de mídia singular. São todas essas facetas que o jornalista J.Randy Taraborrelli explora nas quase 700 páginas de Michael Jackson: A Magia e a Loucura.
Grande parte do material foi obtida por meio de entrevistas com o próprio cantor, seus familiares e amigos, e com aqueles que para ele trabalharam, de 1970 até 1990. Lançado em 1991, o material foi sendo atualizado até o ano de 2004. O livro ainda lembra ainda outros casos que não foram levados a júri no caso das acusações de pedofilia, como a relação do músico com Jordie Chandler, menino que, à época com 13 anos, também acusou o cantor de abuso sexual, disputa que veio a ser resolvida extra-oficialmente, ainda que com relutância da parte de Jackson, por meio de um pagamento de U$ 20 milhões à família do menino.
Taraborrelli acompanha a vida e carreira do astro de maneira próxima desde 1970, ano da primeira apresentação dos Jacksons Five. O intenso trabalho de pesquisa do autor torna-se evidente em seu relato da trajetória de Jackson, desde o início de sua carreira com os irmãos – grupo que se denominou posteriormente “The Jacksons”, devido a problemas contratuais com a Motown Records, sua primeira gravadora.
Michael Jackson: A Magia e a Loucura nos permite conhecer e compreender ainda a influência que a família de ascendência do astro teve em seu histórico pessoal e em sua vida profissional. Com as inúmeras plásticas realizadas que terminaram por alterar os traços de seu rosto (uma das hipóteses para tantas plásticas seria a de que o cantor não queria se parecer com seu pai), o fato é que Michael, um negro de pele branca como conseqüência do uso de clareadores por anos a fio, sente-se, aos 46 anos, permanentemente solitário e profundamente identificando com Peter Pan, o menino que se recusa a crescer e passa a vida a ter aventuras mágicas, personagem criado pelo escritor escocês sir James Matthew Barrie.
O que torna a biografia intrigante, contudo, é o destaque que Taraborrelli dá para a relação que se construiu ao longo dos anos entre Jackson e seu público. “Se você tivesse sido infantilizado por um público fervoroso que o adorava principalmente por ser uma criança talentosa, como seria?”, pergunta. Contudo, há que se reconhecer: o astro pop, também proprietário de Neverland, ou Terra do Nunca, um rancho californiano que é tanto zoológico quanto parque de diversões, não parece estar desconfortável com si próprio o suficiente para se fazer a pergunta que poderia também mover o mundo: “o que fazer com o que fizeram de mim?”