Apresentação
Em 1925, Sigmund Freud recebeu um convite para colaborar na realização de um filme de popularização da psicanálise. Sua resposta, negativa, se deveu ao fato de que não lhe parecia possível “fazer uma apresentação plástica minimamente séria de nossas abstrações”. Qual seria a sua surpresa, contudo, ao ver que, em pleno século XXI, a psicanálise está tão viva quanto é parte indissociável da cultura ocidental. E que psicanálise e cinema aproximam o sujeito de si próprio. De modo que este curso visa tratar de temas clássicos da psicanálise por meio de filmes contemporâneos admiráveis. Afinal, como diz Freud, é por meio do conjunto de produções humanas – tanto sociais, quanto culturais – que o sujeito realiza a sua “formação” [Bildung] pessoal.
Dia e Horário: terças-feiras, das 19h30 às 21h30.
Período: 07/03/2017 a 28/03/2017
Local: Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar
Bela Vista – São Paulo.
Programa
07.03 As relações entre Psicanálise e Cinema
Originária quando da realização do “primeiro filme psicanalítico” — “Freud além da alma” –, produzido em 1925, a vertente mais facilmente identificável pelo grande público da relação que se estabeleceu entre a ciência dos sonhos e a sétima arte diz respeito à representação da psicanálise e do psicanalista no cinema. Para nós, contudo, esta relação é aqui compreendida como potência de sonho, enquanto recusa do instituído, ou seja, é sinônimo de potência do imaginário, ou potência de subjetivação.
14.03 O inconsciente e os sonhos
A Origem (Christopher Nolan, 2010)
O paradigma do sonho e o paradigma cinematográfico aqui se aproximam para nos determos nas características das relações entre imagens oníricas e imagens cinematográficas enquanto potência de subjetivação.
21.03 Memória e desejo
2046 (Wong Kar-wai, 2004)
Se o tema maior da obra de Wong Kar-wai é o amor, o que sua cinematografia faz é construí-lo a partir da instituição da memória e inscrição do desejo. Recomenda-se também a assistência de “Amor a Flor da Pele” (2000), do mesmo diretor.
28.03.Desamparo e melancolia
Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001)
Se “todo sonho é uma realização alucinatória (disfarçada) de um desejo (reprimido)”, o desamparo e a melancolia, em suas diferenças, podem estar situados “aquém” do sonho constituído, da memória e do desejo instituídos.