Publicado na revista BRAVO! – Ano 7 – n° 81 – Pág. 48
Junho de 2004
Giovanna Bartucci
Bestseller premiado na Holanda, traduzido para 14 línguas, Amor de Pai (Record, 306 págs), primeiro romance de Karel van Loon lançado agora no Brasil, refaz o percurso das relações entre pais e seus filhos. Thriller psicológico de tons niilistas no qual Armin Minderhput – jovem holandês revisor de livros científicos que julgava-se o pai biológico de um menino de 13 anos – descobre que é infértil, Amor de pai coloca em cena a relação de um pai com seu próprio pai.
Pois se o desejo de ter um filho implica no desejo de perpetuação de si através das gerações, o mesmo não acontece com o filho do desejo. Nessa cena, é o desejo do outro que entra em jogo, e fundamentalmente aquilo que chamamos paixão. O que fazer, então, quando se descobre que o filho do desejo não é seu mas de outro? “Talvez a grande diferença entre o amor maternal e o paternal consista (em que) a mãe sabe com cem por cento de certeza que seu filho é seu mesmo, não precisando provar nada a ninguém”.
Não é à toa, então, que a busca de Armin para descobrir o pai biológico de seu filho confronta-o com a sua relação com seu próprio pai. E o resultado desse confronto não é bonito. Nu, cru como as paixões, talvez seja esse o mérito de Amor de pai: desvelar a vida naquilo que ela tem de mais cruel, sem fazer um estardalhaço disso.