Produzido em 2012 – inédito
Giovanna Bartucci
Romance que escapa a categorias literárias, A Última Carta de Amor (Intrínseca, 2012), da jornalista e escritora Jojo Moyes, tem como tema central a condição amorosa feminina na Inglaterra dos anos 1960, em contraste com as inúmeras possibilidades presentes hoje.
Ellie, que guia o leitor por um caminho de sofrimento afetivo, numa Londres tão contemporânea quanto real, é uma mulher jovem, bonita, criativa, com uma profissão que a realiza, mas incapaz de exercer a sua (aparente) liberdade. Jennifer, por outro lado, grande anfitriã da sociedade nos anos 1960, conduz o leitor por um labirinto de afetos proibidos, por uma vida, também na capital britânica, com a qual já não se identifica, mas que, no entanto, permitirão a ela experimentar a transformação pessoal que lhe é negada. O que une essas duas mulheres distanciadas por tantas décadas? O desejo de (poder) viver plenamente – e algumas cartas, trocadas por amantes apaixonados.
Com personagens complexos e detalhes de época, a narrativa de Moyes – que trabalhou no The Independent antes de se firmar como ficionista – prima por desvelar o que se encontra por trás das aparências. A dimensão superficial cede espaço às experiências de paixão, perda e, acima de tudo, à capacidade dos personagens de se surpreenderem. Com uma atmosfera que evoca Scott Fitzgerald (1896-1940), A Última Carta... sugere a experiência de mostrar-se à vida e, afinal, conhecê-la como e pelo que ela é – ou pode ser.